segunda-feira, 29 de junho de 2009

Dicas para autistas tratarem suas mães


Sua mãe é você. O que você chama de ‘mãe’, na verdade, é uma parte do seu Eu. Portanto, cuidado: tudo ou quase tudo que você disser sobre ela, estará falando sobre si mesmo. E, se isto é verdade para todo mundo em geral, é particularmente verdadeiro para os portadores de deficiências em especial, caso estes desejem ter autonomia e serem responsáveis por si próprios.

Você é sua mãe. Para ter autonomia e ser responsável por si mesmo, é preciso assumir a própria deficiência. Sua mãe se sente culpada por ela. Você também pode querer responsabilizá-la por seu(s) problema(s). Não é fácil assumir a responsabilidade pela própria doença quando temos alguém para assumi-la. Mas, se você quiser ser alguém e se relacionar amorosamente com outros, vai ter que superar a situação co-dependência recíproca em que está envolvido.

Tenha paciência. Sua mãe te controla porque te ama. Pelo menos, ela acredita nisso e você não vai ganhar nada tentando mostrar que na verdade ela não ama. Na verdade, não importa se ela o ama ou não, nem mesmo se você ama a ela ou não, mas sim se você ama a si mesmo o suficiente para ter calma com ela. Se você ficar com raiva dela e ela se sentir culpada, você vai ficar com mais raiva ainda e ela mais responsável. É preciso romper com este círculo vicioso, assumindo a responsabilidade pelo próprio sofrimento.

Perdoe os erros de sua mãe. Não basta o fato de você ser deficiente, sua mãe também não é perfeita. Perdoe a vergonha que ela tem de ti. Perdoe a vergonha que ela sente dela mesmo. Perdoe os excessos de cuidado e o descaso. Pense que foi você que a colocou nesta situação (e não que foi ela que te colocou). Peça perdão a ela por ter feito dela mãe de um deficiente. Não faça isto por ela, faça por ti. Aproveite e reconheça todos os problemas, todas as dificuldades que você criou para ela (para seu pai e outros familiares). Se você for capaz dessa grandeza, se libertará dela interiormente e poderá ser feliz com alguém. E ainda se tornará amigo de sua mãe – uma proeza espiritual.

Agradeça. Senão algum dia você vai querer reclamar de alguma coisa com ela e vai perceber que sua mãe não está mais lá.

2 comentários:

  1. Ola Marcelo, sou mãe de um aspie de 14 anos; tenho acompanhado vc no asperger brasil.
    Posso dizer que hoje meu filho tem a sindrome de Gabriel, por ser pouco comprometido, aprendeu a lidar com outro; tem amigos, estuda, enfim acredito que seja feliz.
    Foi um longo caminho até agora, mas acredito que ele esteja preparado para o mundo.
    Ah! Não me sinto culpada, porém achei muito interessante vc explicando os sentimentos em relação mãe e filho, prém vc sendo mãe de um aspie ou não, os sentimentos de vc tentar fazer o melhor é sp o mesmo
    Abraços

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