segunda-feira, 22 de junho de 2009

Autorepresentação


EU, AUTISTA?
Problemas de comunicação? Falta de sociabilidade? Comportamentos obsessivos e repetitivos? Então você pode ser diagnosticado como autista, pois essas são as três principais características para identificar uma pessoa com esse transtorno invasivo de desenvolvimento, descrito clinicamente nos anos 40 e que pode se manifestar tanto de formas severas, em que a pessoa parece totalmente alheia ao ambiente, como em níveis brandos, como na Síndrome de Asperger, em que os portadores apresentam alta funcionalidade em campos específicos, como a música e a matemática. Hoje, sabe-se de que a cada 200 pessoas, uma é autista. No Brasil, são mais de um milhão de pessoas.
No autismo, há uma falha na interação social recíproca: frequentemente, o autista se isola como se estivesse em outro mundo; é passivo diante dos outros e tem dificuldade de estar com mais de uma pessoa ao mesmo tempo; suas tentativas de interação social podem ser desastradas e inábeis, e de uma forma particular, ingênuas e unilaterais.

Também há dificuldades de comunicação. Alguns autistas não falam e tem pouca linguagem não-verbal. Outros têm a fala limitada, com imitações que podem ser do que o interlocutor acabou de dizer (ecolalia imediata) ou de situações mais distantes (ecolalia remota). É comum o uso da terceira pessoa ao invés do ‘eu’. Abreviação de frases, expressão do estritamente necessário, sendo ignorados o contato social e a ‘troca de idéias’. A linguagem apresenta alterações no discurso recíproco, na compreensão da linguagem figurada e entoação estranha, apesar do vocabulário e da gramática intactos.
E, finalmente, existe imaginação limitada; repetição incessante de movimentos, rotina ou de atividades específicas; reações comportamentais drástica mediante mudanças como, por exemplo, trocar de lugar um objeto da casa; rituais pessoais (ex: antes de sair de casa tem que...; na hora do banho deve sempre...); mania de perfeição; tudo deve ser simétrico e não pode ficar fora daquele lugar. Gostam de alinhar coisas, colocar e tirar objetos de uma caixa. As atividades repetitivas são freqüentes, no entanto as reações a mudanças são menos importantes. Os jogos do tipo ‘faz de conta’ são ausentes; o que é possível observar é a cópia do jogo de outras crianças.
O autismo foi cientificamente descrito pela primeira vez em 1943, pelo médico austríaco Leo Kanner. Pode-se subdividir a evolução dos estudos sobre a síndrome[1] autista em três etapas distintas:
1) A fase psicogênica (ou psicoanalítica) em que o autismo era entendido como uma perturbação emocional adquirida (hoje ridicularizada pela memória das “mães geladeiras” apontadas por Bruno Bettelheim como causa do distúrbio).
2) A fase behovirista (e vygostskyana), a partir dos anos 70, em que o autismo será visto como um transtorno orgânico, cognitivo-comportamental de cunho biológico e hereditário (fase da ‘descoberta’ do espectro autista[2] por Lorna Wing).
3) E a fase atual, neurocientífica, em que fatores genéticos, ambientais e cognitivos condicionam uma anatomia cerebral diferente (veja o texto Espelho Quebrados). Fase cujo marco inicial é a pesquisa clínica desenvolvida por Donald Winnicott sobre o papel decisivo da subjetividade no autismo.
Nesse novo paradigma, muitos, como Oliver Sacks no seu conhecido texto Um antropólogo em Marte, não consideram mais o autismo como uma doença e sim como uma diferença cognitiva, uma forma diferente de sentir e de pensar o mundo, tão válida quanto qualquer outra?
Há até, no site http://www.autistics.org/, um link para o falso e divertido Institute for the Study of the Neurologically Typical, que brinca com as características dos "neurotípicos" - termo criado por autistas aspérgicos para definir quem tem um comportamento normal, ou "um distúrbio neurológico caracterizado pela preocupação com normas sociais". Além disso, "pessoas 'neurotípicas' freqüentemente acham que a forma como vivenciam o mundo é a única, têm dificuldades para ficar sozinhos e são intolerantes com as diferenças".
Brincadeiras a parte, a verdade é que a grande maioria dos autistas tem baixo QI (ao contrário dos portadores da síndrome de Asperger) e depende dos outros para viver. Embora possuir uma anatomia cerebral diferente não seja necessariamente uma patologia, para maioria, o autismo ainda é um problema sério de vida e não ‘um modo alternativo de ser’.
Duas tendências contrárias caracterizam essa terceira fase de estudo do autismo. Enquanto os ativistas da neurodiversidade defendem que remédios e terapias alteram a subjetividade única do autista e criticam o que consideram uma prescrição excessiva de drogas para controlar o comportamento[3]; na contramão, surgiram organizações como (Autism Research Institute/Instituto de Pesquisas em Autismo), responsável pelo protocolo DAN (Defeat Autism Now/Derrote o Autismo Agora).
Aqui, o pólo da neurodiversidade é representado pelo Movimento de Orgulho Autista Brasil (MOAB) e pólo DAN pela ADEFA (Associação Em Defesa do Autismo). Esse último grupo acredita que o autismo é causado por stress oxidativo, metilação inadequada e distúrbios na sulfatação que acabam atingindo o cérebro e provocando a alteração que chamamos de autismo. Na visão DAN, o comportamento autista se mantém em um tripé que envolve os sistemas imunológico, intestinal e endócrino. O protocolo se baseia em tratar o autismo através do comportamento do processo metabólico de cada indivíduo, com destaque para as dietas sem glutem e caseina, suplementação de vitamina B6, e uso de camara hiperbárica. Localizam-se os desequilíbrios no organismo através de exames específicos de sangue, urina, fezes e mineralograma; e prescreve-se uma terapia nutricional e bioquímica específica para cada caso, em conjunto com um tratamento educacional intensivo. De acordo com o protocolo DAN há muitos pontos a serem analisados que podem estar afetando o autista[4]. Cada criança tem uma combinação diferente. A Dra. Amy Yasko é médica holística e naturopata, trabalha nos EUA com um protocolo feito através de exames genéticos, baseado no projeto GENOMA e mais precisamente com a epigenética, a ciência que pretende esclarecer como fatores ambientais (hábitos alimentares e estresse, por exemplo) podem interferir no funcionamento dos genes.
Em abril de 2008, a Escola Americana de Medicina Genética (ACMG), estabeleceu procedimentos de práticas clínicas a serem seguidos por geneticistas clínicos, tanto para determinar a etiologia dos casos de desordens do espectro autista como para tratar pacientes com este diagnóstico. Este estudo confirma que atualmente existe uma rotina bem estabelecida, clinicamente disponível, com biomarcadores identificados que auxiliam os geneticistas clínicos a avaliar e tratar indivíduos, descrevendo sucintamente alguns biomarcadores reconhecidos, importantes ferramentas clínicas identificadas para avaliação médica e resposta ao tratamento monitorizado[5].
Hoje em dia, qualquer um pode facilmente contratar os serviços de um geneticista clínico, que segue as orientações praticas da ACMG para diagnosticar e avaliar pacientes autistas. Contudo, para um tratamento eficaz, além do geneticista, há a necessidade de vários tipos de profissionais especialistas que devem fazer parte da equipe multidisciplinar (psiquiatra infantil, psicólogo clínico, pediatra, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, etc).
Da mesma forma, que há pesquisadores especialistas que, partindo de outras causas possíveis para autismo – o RNA, a neuroquímica do celebro autista ou a dissonância cognitiva – apostam em terapias específicas genéticas, farmacológicas ou psicopedagógicas; também há médicos naturalistas que dão uma ênfase exagerada à dieta SGSC (sem glúten e sem caseína) e a desintoxicação radical de metais pesados, partindo do pressuposto que as causas principais do distúrbio autista são: a) a presença de mercúrio e metais pesados acumulado no organismo e; b) a produção de morfinas pelo organismo, metabolizadas a partir do glúten e da caseína[6].
Porém os melhores resultados de tratamento são conseguidos com adoção de várias terapias em conjunto - o que decorre de uma concepção que acredita em uma causa múltipla (um sistema de determinantes) para distúrbio autista, com diferentes ênfases e modos de condicionamento recíproco entre os fatores hereditários, ambientais e cognitivos.
Tratamentos e terapias
O tratamento ABA (Applied Beravior Analysis, Análise Aplicada do Comportamento) consiste no ensino intensivo das habilidades necessárias para que o indivíduo diagnosticado com autismo ou transtornos invasivos do desenvolvimento possa adquirir a melhor qualidade de vida possível. As oportunidades de aprendizagem são repetidas muitas vezes, até que a criança demonstre a habilidade sem erro em diversos ambientes e situações. A principal característica do tratamento é o uso de consequências positivas ou reforçadoras (presentes, elogios, gratificação).
O uso de ABA baseia-se em cinco etapas: avaliação inicial, definição de objetivos a serem alcançados, elaboração de programas e procedimentos específicos, ensino intensivo e avaliação do progresso. Dentre as habilidades ensinadas incluem-se comportamentos sociais (contato visual e comunicação funcional); comportamentos escolares; além de atividades da vida diária como higiene pessoal. A redução de comportamentos agressivos, evasivos, das estereotipias e auto-lesões também fazem parte do tratamento[7].
O TEACCH (Treatment and Education of Autistic and Communication Handicapped Children, Tratamento e Educação de Crianças Autistas e com Desvantagens na Comunicação)[8] é um programa especial de educação talhado para as necessidades individuais de aprendizado da criança autista baseado no desenvolvimento do cotidiano. O que faz a diferença na abordagem TEACCH ser única é o foco no design do ambiente físico, social e na comunicação. O ambiente é estruturado para acomodar as dificuldades que a criança autista tem ao mesmo tempo em que treina a seu desempenho na aquisição de hábitos aceitáveis e apropriados. Baseado no fato de crianças autistas serem frequentemente aprendizes visuais, o TEACCH trás uma clareza visual ao processo de aprendizado buscando a receptividade, a compreensão, a organização e a independência. A criança trabalha num ambiente altamente estruturado com a organização física dos móveis, áreas de atividades claramente identificadas, murais de rotina e trabalhos baseados em figuras e instruções claras de encaminhamento. A criança é guiada por uma sequência de atividades muito clara e isso ajuda que ela fique mais organizada. Acredita-se que um ambiente estruturado para uma criança autista, crie uma forte base para o aprendizado. Embora o TEACCH não foque especificamente nas habilidades sociais e comunicativas tanto quanto outras terapias, ele pode ser usado junto com essas terapias para torná-las mais efetivas.
Várias estratégias de ABA assim como o método do ensino estruturado da abordagem TEACCH são exemplos de estratégias educacionais feitas especialmente sob medida para pessoas com autismo. A ABA é uma terapia comportamental que tem por objetivo adaptar o portador do distúrbio ao ambiente social. Já no programa TEACCH, mais atual, há uma ênfase no desenvolvimento da consciência das diferenças neuro-cognitivas. Mudar o comportamento não é um objetivo em si mesmo. É possível combinar estratégias do TEACCH e da ABA, porém, é muito importante que eles sejam filosoficamente integrados.
Talvez os que trabalham com ABA não enfatizem tanto o desenvolvimento da autonomia, sendo às vezes difícil evitar que as crianças tornem-se dependentes de modelos. Por outro lado, trabalhar com a abordagem TEACCH pode fazer com que os profissionais se concentrem demais na independência e deixem de trabalhar com imitação, usando as situações de um para um somente para ensinar a realização das atividades. Não importa o que façamos ou o que escolhemos, o importante é entender que todo processo de ensino/aprendizagem é baseado na avaliação, observação, análise e o uso dessas informações para delinear programas fundamentados na motivação e individualização.
Outra iniciativa terapêutica importante no tratamento da síndrome autista é o Programa Son-Rise®. Importante em vários sentidos, inclusive no histórico, que foi adaptado para o cinema no filme Meu filho, Meu mundo (Son-rise: a miracle of love, 1979)[9]
Entre as terapias, também há várias possibilidades de combinação, porém as mais importantes são: a terapia ocupacional, a de integração sensorial e a terapia da fala ou fonoaudiológica.
A terapia ocupacional trabalha com as áreas de auto-cuidado, trabalho e lazer, com o objetivo reabilitar aspectos motores, perceptivos e cognitivos para promover a autonomia e a adaptação do indivíduo com o ambiente.
A terapia integração sensorial é o processo do cérebro para organizar e interpretar os estímulos externos como o movimento, o toque, o cheiro, o olhar e o som. Autistas sempre exibem sintomas de disfunção sensorial, podem ter um comprometimento sensorial leve, moderado ou intenso, manifestando-se tanto pela hipersensibilidade (evitar ser tocada) ou pela hiposensibilidade ao toque, som (gostar de ficar em lugares apertados, restritos ou quentes como armários, camas com várias cobertas). O objetivo da terapia de integração sensorial é facilitar o desenvolvimento das habilidades do sistema nervoso para que ele consiga processar os estímulos sensoriais normalmente, através de exercícios neurosensoriais e neuromotores para estimular a própria habilidade do cérebro em se reparar. Quando a terapia é bem sucedida, ela pode desenvolver a atenção, concentração, audição, compreensão, equilíbrio, coordenação e o controle da impulsividade. A integração sensorial não ensina habilidades próprias de nível altíssimo, mas incrementa as habilidades do processo sensorial o que permite a aquisição dessas outras tão sonhadas habilidades. A hidroterapia e a equinoterapia são atividades complementares.
E, finalmente, a abordagem mais importante: a terapia fonoaudiológica. Os problemas de comunicação dos autistas têm uma grande variação e dependem do desenvolvimento social e intelectual do indivíduo. Alguns são completamente incapazes de falar enquanto outros têm um vocabulário bem desenvolvido. Qualquer programa terapêutico deve começar localizando o ponto em que as habilidades lingüísticas se encontram. A intervenção precoce e continuada do fonoaudiólogo é fundamental para que o quadro clínico do autismo evolua satisfatoriamente, no que tange à comunicação geral e ao desenvolvimento da linguagem, capacitando o seu portador para compreender, realizar demandas e agir sobre o ambiente que cerca.
A terapia fonoaudiológica poderá ter como embasamento, o programa TEACCH ou ABA. Também poderá utilizar o recurso PECS e as técnicas de intervenção de Lovaas, sempre com vista ao treinamento e desenvolvimento da linguagem e da comunicação. O PECS – (Picturing Exchanging Communication System, Sistema de Comunicação pela Troca de Figuras)[10] dá à criança a possibilidade de expressar suas necessidades e desejos de uma maneira muito fácil de entender. Muitas crianças que começaram a utilizar o PECS também desenvolvem a fala como um efeito colateral. O PECS foi originalmente desenvolvido para crianças do espectro do autismo em idade pré-escolar, mas está atualmente sendo usado por crianças e adultos com diagnósticos que apresentem dificuldades com a fala e a comunicação.
O computador como prótese
O que mais me impressionou nesse breve resumo pessoal sobre a evolução dos estudos e dos tratamentos do autismo foi que a mudança para um terceiro estágio de compreensão da síndrome foi mais política por parte dos pais e dos próprios portadores da deficiência do que científica ou clínica resultante das pesquisas médicas. O feminismo deu às mães a autoconfiança necessária para mudar a idéia de que o autismo era causado por elas que criavam mal seus filhos. Outro fator foi a ascensão dos grupos de defesa de pacientes, aliada à diminuição da autoridade dos médicos - que demoravam a diagnosticar o problema. Ao mesmo tempo, o crescimento de movimentos políticos formados por pessoas com diversos tipos de deficiência estimulou alguns adultos autistas a pesquisar o próprio distúrbio.
Tudo isso foi acelerado pela internet, fazendo com que se trocassem informações livremente, sem mediação institucional, e, principalmente, permitindo o movimento de auto-representação dos autistas, fazendo do computador ‘prótese’ essencial - algo que os transforma de indivíduos introvertidos e isolados em uma rede de seres sociais, o que é um pré-requisito não só para uma ação social efetiva em uma voz na arena pública, mas, sobretudo, para uma mudança no comportamento e na identidade autista. O principal desses primeiros grupos é a ANI (Autism Network International).
Mas, quando se fala de prótese mental não se trata apenas de Internet e da constituição de uma identidade ‘à distância’, mas sim da cognição visual propiciada pelo computador. Todo autista fica incomodado diante da afirmação, bastante comum, de que “uma imagem vale por mil palavras”. Na verdade, o que as pessoas querem dizer (me perdoem o rigor pragmático-semântico e teórico de explicar tudo ao ‘pé da letra’) é que um símbolo inconsciente vale mais que um signo verbal. Não é a imagem que vale mais palavra, é a cognição involuntária que é mais significativa que a linguagem consciente. No computador, um sistema operacional como o DOS, que funciona por comandos escritos, é muito menor e mais rápido do que o Windows que opera por imagens clicáveis. Pode-se dizer que a mente do autista ‘roda Windows’ (por isto é lenta e às vezes trava), enquanto a mente neurotípica se autoprograma através de um sistema operacional algoritmo.
O uso do computador torna-se importante por oferecer pelo menos dois outros aspectos similares ou ‘a mesma maneira de pensar’ que o autismo impõe. Assim como no autismo, o computador também precisa ser ‘ensiná-lo’ tudo; também tem um pensamento literal e se eles não entendem o que você quer, quase sempre ‘congelam’. E além das semelhanças de sintaxe, há também algumas vantagens oferecidas por computadores na educação e no tratamento do autismo: o ambiente estruturado, as respostas previsíveis, a organização visual, o auto-auxilio individual. E há ainda quatro aspectos sobre o uso do computador em educação especial que são relevantes para o seu uso com autismo: aumenta a habilidade de comunicação; melhora a cognição; ajuda nas atividades que envolvem coordenação motora; e pode também ajudar dentro da política educacional de inclusão em escolas regulares.
Hoje, além dos milhares de blogs de mães e crianças autistas, que se multiplicam rapidamente na internet, há várias iniciativas interessantes estão sendo desenvolvidas nesse sentido. Do ponto de vista teórico, o trabalho Breve análise da cognição da pessoa com autismo e porque o computador tem um papel preponderante na educação da pessoa com autismo, de Valéria Llacer Bastos Ribeiro, pode ser uma boa introdução.
Mas, há também iniciativas bem práticas como a de um avô, John LeSieur, que criou um navegador especial para, seu neto autista Zackary Villeneuve: o Zac Browser. Um navegador desenvolvido especificamente para crianças autistas, cujo objetivo principal é que possam interatuar através de jogos e atividades desenvolvidos especialmente pata eles, do modo que seja mais fácil para sua compreensão e entendimento, focado na sua forma de ver o mundo (e com disposições de supervisão e controle de conteúdo pelos pais).
É claro que o computador não substitui a dedicação dos professores, nem o afeto e a atenção dos pais. Ele é apenas uma ferramenta superação para tríplice deficiência do autismo (comunicação, interação social e conduta recorrente). O importante é a mudança de atitude. A auto-representação dos autistas que precisam desenvolver sua autonomia e ajudar a vencer o regime de dependência física e psicológica inerente a sua condição.
Na verdade, os movimentos O Autismo é Tratável e Orgulho Autista dizem a mesma coisa, mesmo que enfatizando aspectos contrários: as instituições médicas e psiquiátricas precisam acreditar que o sentimento das pessoas, sua subjetividade, pode ajudar a curá-las na medida em que forneçam os elementos necessários para sua autonomia de vida. E essa é a missão que este blog espera desempenhar: um espelho para se refletir a realidade do autismo, despertando e incentivando a auto-representação dos portadores destas deficiências.

NOTAS
[1] ‘Síndrome’ significa ‘um conjunto de sintomas dos quais se desconhecem as causas’.
[2] O espectro autista é formado pelas seguintes síndromes: Autismo típico, Síndrome de Asperger, Síndrome de Rett, Síndrome X Fráfil, Síndrome Landau-Kleffner, Síndrome de Williams e Transtorno Desintegrativo Infantil.
[3] TRATAMENTO FARMACOLÓGICO PADRÃO PARA AUTISMO - Vitamina B6, tomado com Magnésio, aumenta a concentração em 45%. O Dimetilglicina parece contribuir para o bem-estar geral e aumentar habilidades de comunicação e atenção. Ciproheptadina fenfluramina ajuda a reduzir seretonina no sangue. Piracetam aumenta a atenção e diminui sociabilidade e agressividade. A clomipramina, sertralina, fluoxetina e lítio melhoram as manias, a exclusão social e a rigidez.
[4] Indicadores: níveis de IgA secretora diminuídos; doença inflamatória intestinal; deficiências nutricionais; refluxo gastro-esofágico; intestino permeável; acúmulo de metais pesados; trombofilia; disfunção sensorial; alterações cromossômicas; sarampo recorrente; presença de opióides; deficiência de melatonina; déficits nutricionais; alergias alimentares; autoimunidade cerebral; alteração na perfusão; alteração nos níveis de dopamina; CMIS alterado; gastrite; disbiose; nível de amônia elevado; alteração nos níveis de purina; alteração nos níveis de serotonina; alteração nos mecanismos de sulfatação; e deficiência nos níveis de ômega 3.
[5] 1. Biomarcadores de Pofirinas - ajuda a determinar se o mercúrio tóxico está presente e, quando ele for encontrado, monitora as alterações das quantidades de mercúrio, durante as terapias de desintoxicação (leia-se: quelação); 2. Biomarcadores de Transulfatação - ajuda a determinar se a suscetibilidade bioquímica ao mercúrio está presente e, quando for encontrada, monitora a resposta do paciente durante a suplementação de terapias nutricionais, tais como: metilcobalamina (a forma metil de vitamina B12), ácido folínico, e piroxidina (vitamina B6); 3. O estresse oxidativo/ biomarcadores de Inflamação - ajuda a determinar se há excesso de subprodutos de vias metabólicas e, quando forem encontrados, monitora os progressos dos pacientes durante a suplementação com anti-inflamatórios, como Aldactone ® (espironolactona); 4. Biomarcadores Hormonais - ajuda a determinar se alterações hormonais estão presentes e, quando forem encontrados, monitora os progressos dos pacientes durante o tratamento indicado com drogas de regulação hormonal tais como Lupron ® (acetato de leuprolide) e Yaz ® (drospirenone / ethynyl estradiol); 5. Biomarcadores de disfunção mitocondrial - ajuda a determinar se houver perturbações nos percursos de produção de energia celular e, quando forem encontrados, monitora os progressos dos pacientes durante a suplementação com drogas como a Carnitor ® (L-carnitina); e 6. Biomarcadores Genéticos - ajuda a determinar se há susceptibilidade genética ou fatores causais presentes e, quando forem encontrados, fornece dicas sobre as modificações comportamentais que reduzem o impacto desses fatores genéticos.
[6] Glúten e a caseína são transformados em peptídeos, denominados gliadinomorfina (a quebra da proteína do glúten) e caseomorfina (a quebra da proteína da caseína). Esses peptídeos são complexas cadeias longas de aminoácidos e exigem um bom funcionamento da produção enzimática para serem devidamente quebrados e absorvidos pelas funções orgânicas. Ambos os peptídeos agem como a morfina no corpo. Isto acontece com pessoas que tem problemas de fungos no intestino. A teoria é que um grupo de fungos com crescimento desordenado, adere à parede do intestino tornando-o permeável. Substâncias que não são completamente digeridas podem entrar no fluxo sanguíneo e daí chegar até o cérebro. Vários estudos mostram que o autista tanto tem sérias deficiências de produção enzimática com pouca ou nenhuma produção da enzima DPP IV responsável pela quebra desses peptídeos, quanto o desequilíbrio da flora intestinal, provocando o intestino permeável e deixando que essas substâncias entrem na corrente sanguínea e se liguem aos receptores opiáceos no cérebro. A deficiência na sulfatação é outro fator que contribui para o intestino permeável. Os glucosaminoglucanos, polissacarídeos responsáveis por manter a integridade celular da mucosa intestinal e da barreira hematoencefálica, são dependentes de sulfatação. Sem sulfatação, os glicosaminoglucanos não podem desempenhar o seu papel de manter a integridade celular.
[7] Apostila ABA <www.4shared.com/file/791915/9d060e41/Ajude_nos_a_aprender_ABA.html>
[8] Site oficial http://www.teacch.com/ e no Brasil http://www.teacchbrasil.com.br/portal/ , v. tb Autismo e os Princípios Educacionais do Programa TEACCH http://www.soldeamor.com/ent_amasmetodo.htm e Aplicação do método TEACCH para pais http://www.carlagikovate.com.br/index_arquivos/Page790.htm
[9] No início dos anos 70, o casal Barry e Samahria Kaufman, ouviram dos especialistas que não havia recuperação para seu filho Raun. Foi a partir da dedicação intuitiva e amorosa, que eles desenvolveram o Son-Rise. Raun se recuperou após três anos e meio de trabalho intensivo com seus pais, continuou a se desenvolver, cursou uma universidade e agora trabalha no Autism Treatment Center of América. Desde então, milhares de crianças utilizando o programa têm se desenvolvido muito além das expectativas, algumas delas apresentado completa recuperação. O programa dá ênfase na relação afetiva com os pais. No Brasil, o Son-rise está em: http://www.inspiradospeloautismo.com.br/
[10] http://www.pecs.com/, no Brasil, http://pecsemportugues.blogspot.com/, v. tb http://jogosdidacticos.blogspot.com/

3 comentários:

  1. um dos melhores textos que vi até hoje que organiza as "formas" de tratamento.
    Parabéns

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  2. REALMENTE, UM DOS MELHORES TEXTOS..
    FICO FELIZ QUANDO ENCONTRO ALGUÉM COM ESTA VISÃO.
    Abraço!
    MarielMendes

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  3. com certeza um dos melhores e esclarecedores artigos que já li sobre autismo,sem preconceitos ou críticas que as vezes desmerecem o esforço e o progresso adquirido por pais,profissionais e autistas nas múltiplas facetas ainda ignoradas do autismo.È, precisamos manter a mente aberta,o autismo coloca em cheque muitas questões que precisam ser repensadas na nossa sociedade,esse artigo faz pensar.Parabéns Marcella,mãe de autista e Assis.Social

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