Aspie filosofando
Flavio Josefo[1]
Minha vida é uma miséria. Não posso viver em sociedade exceto naquilo que se esquematiza por normas à moda do direito positivo. É terrível. Um ostracismo que parece eu impus a mim mesmo, mas jamais pude encontrar outra forma.
É quase viver em silêncio. e tudo parece absurdo. O riso me tortura, e o humor é completamente intangível, ou despiciendo, não sei qual. Se chego a rir, eu mesmo, não raro me perguntam o motivo, quase sempre inapropriado.
E eu flerto com a morte... Quem sabe um dia eu tenha esse descanso... A vida sempre me tem sido tediosa ou enfadonha... Eu tentei dar significado ao absurdo, retirar de sentenças mal formadas e de pressupostos quase oníricos alguma relação ponderável, mas sempre é vão...
No fim me acostumei com a idéia de ser sempre eu sozinho com meus livros, meus jogos... meu vazio... e essa voz calada que não encontra o que lhe dê sentido, mas é a vida, é o que tenho, o que sou.
E aqui estou eu soletrando essas palavras não entendendo porque essas são diferentes daquelas outras que nunca me vêm quando preciso delas.
Decerto estas não são mais que uma extrapolação, uma marca, um registro de minha solidão. Talvez meus pensamentos desviaram-se de toda a sua utilidade terminando num fim por si só, num processo que se valida por si mesmo sem observar quaisquer metas ou finalidades.
Ocasionalmente me deparei com a falta de significação da existência. Tudo é tão deprimente e melancólico. Irrelevante e fútil. E o amor não é mais que um subproduto da evolução, mas eu estou de fora, jamais tendo podido amar, portanto esse conceito de nada me serve. E purgo o significado daquilo que a maior parte das pessoas que conheço considera dar o sentido último à vida. O amor vai se juntar àquelas outras abstrações quase oníricas que figuram na mente daquelas ditas pessoas normais.
Flavio Josefo[1]
Minha vida é uma miséria. Não posso viver em sociedade exceto naquilo que se esquematiza por normas à moda do direito positivo. É terrível. Um ostracismo que parece eu impus a mim mesmo, mas jamais pude encontrar outra forma.
É quase viver em silêncio. e tudo parece absurdo. O riso me tortura, e o humor é completamente intangível, ou despiciendo, não sei qual. Se chego a rir, eu mesmo, não raro me perguntam o motivo, quase sempre inapropriado.
E eu flerto com a morte... Quem sabe um dia eu tenha esse descanso... A vida sempre me tem sido tediosa ou enfadonha... Eu tentei dar significado ao absurdo, retirar de sentenças mal formadas e de pressupostos quase oníricos alguma relação ponderável, mas sempre é vão...
No fim me acostumei com a idéia de ser sempre eu sozinho com meus livros, meus jogos... meu vazio... e essa voz calada que não encontra o que lhe dê sentido, mas é a vida, é o que tenho, o que sou.
E aqui estou eu soletrando essas palavras não entendendo porque essas são diferentes daquelas outras que nunca me vêm quando preciso delas.
Decerto estas não são mais que uma extrapolação, uma marca, um registro de minha solidão. Talvez meus pensamentos desviaram-se de toda a sua utilidade terminando num fim por si só, num processo que se valida por si mesmo sem observar quaisquer metas ou finalidades.
Ocasionalmente me deparei com a falta de significação da existência. Tudo é tão deprimente e melancólico. Irrelevante e fútil. E o amor não é mais que um subproduto da evolução, mas eu estou de fora, jamais tendo podido amar, portanto esse conceito de nada me serve. E purgo o significado daquilo que a maior parte das pessoas que conheço considera dar o sentido último à vida. O amor vai se juntar àquelas outras abstrações quase oníricas que figuram na mente daquelas ditas pessoas normais.
[1] Flavio Josefo <orakio@ifrance.com> se apresenta como portador da Síndrome de Asperger (autismo). Nota enviada para a lista autismo@yahoogroups.com em 10/8/2001, às 00:12.
Olá adorei seu blog, visite o meu podemos trocar informações ok?
ResponderExcluirAbraços e muita paz
Vamos todos nos autistas nos unir para nos melhorarmos e ao mundo
ResponderExcluirEu nunca passei numa entrevista de emprego. Já cheguei a fazer 300 entrevistas num ano e nunca consegui um trabalho. Comecei a vender salgados e doces na rua e juntava dinheiro, até que aluguei uma loja e montei uma lanchonete com o pouco dinheiro investido. Ninguém nunca me estendeu a mão e percebi que só colocaria dinheiro na mesa por própria conta e risco.
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